quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tendência

“Cada um é responsável pelos atos que pratica”: parece uma premissa básica, mas nem sempre é possível dar-se conta de sua profundidade. Digo isso porque, quando se idealiza muito algo ou alguém, aquilo parece, a princípio, inatingível e ainda que uma vez corrompido, jamais será por própria culpa. O que quero dizer é que o objeto da idealização sempre caminha no sentido correto e, se não o faz, é claramente por culpa de outrem. Ao transferir a responsabilidade do vício à outra pessoa, mantém-se intacta a imagem da perfeição que se tinha em mente, e assim, não faz-se necessário entrar em contato com a dolorosa realidade imposta adiante.

Sim, somos tendenciosos...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Ele sabe

Um homem íntegro, mesmo que num harém, agirá com retidão. Um cafajeste, ainda que numa igreja, armará pretextos para olhar ao redor.

Apenas uma frase que ouço constantemente.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aniversário

Mal posso acreditar que sobrevivi até os 24 anos.

Após tantas turbulências, guerras internas, desencontros, desilusões, corações partidos, amizades perdidas, sorrisos desfeitos, cá estou a vos escrever. Não me sinto como antes e rio a cada vez que me dizem que “alcancei a idade de mulher mantendo o jeito de menina”. Não me sinto assim. Não me percebo de tal maneira quando fixo meus olhos no espelho, tampouco quando volto os olhos à minha alma. É que, apesar da idade, ainda não me sinto uma mulher, porque sei que para isso ainda me resta um caminho considerável a percorrer, bem como não me sinto menina, porque compreendo que meu jeito e minhas prioridades são outras agora. Sou quase um meio termo.

Sinto-me mais forte agora, por mais que ainda haja momentos de angústia. Sempre haverá. Mas descobri que posso estar acima deles – e só eu sei o quão difícil foi essa descoberta, o quão tortuoso foi o percurso.

A vida é uma coisa maluca. Não há coisa mais sofrida e, ainda assim, o desejo constante de todos é poder viver o máximo possível. O propósito de tudo é, sim, o aprendizado. Sou até grata à vida por ter me feito sofrer em alguns momentos, para que eu pudesse adquirir todo o aprendizado necessário à minha atual formação.

Não termina aqui, sempre terá mais sofrimento a ser enfrentado durante a caminhada, mas o mais importante é o quanto esse sofrimento pode ensinar alguém a ser melhor. Aí sim, virá a bonança. Aí sim será possível aproveitar todos os benefícios que a maturidade pode proporcionar.

Que esse próximo ano de vida possa me brindar com alegrias, tantas quantas forem possíveis, com maturidade, sabedoria, equilíbrio e também muita força, para enfrentar as adversidades.

Que Deus me acompanhe.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Falhas genéticas

Não consigo entender nem aceitar o fato de a genética ter-me sido tão ingrata. Vejam só, meus pais eram pessoas queridas, populares, inteligentes, bem apessoadas, bonitas e perspicazes. Claro que também possuíam defeitos, como todos os viventes desse mundo. O problema é que eu herdei justamente a genética defeituosa de ambos os lados. Não consigo entender tamanha injustiça!

Minha mãe, por exemplo. A dentição é correta, exceto um dente encavalado, o segundo pré-molar superior (que mal consegue se ver), bem como alguns dentes inferiores que, embora não sejam encavalados, também não são completamente retos. Foi o que eu herdei. Poderia ter herdado a dentição paterna, muito mais correta que a materna, mas não me foi dado tal benefício.

Meu pai era um sujeito com muitos pêlos pelo corpo, ao passo que minha mãe pouco sofria com depilação, devido à escassez de pêlos. Eu poderia ter saído à minha mãe, mas, obviamente, nasci uma ursa – assim como meu pai.

Minha mãe tem a personalidade tranqüila: é sorridente, ponderada, conciliadora e quando se zanga, só se pode perceber através do olhar. Meu pai tinha personalidade forte, sempre muito inseguro, ciumento, possessivo e extremista. Adivinhem pra quem puxei?

Além de tudo, cabe ressaltar as características zodiacais que, muito embora não estejam diretamente associadas à genética, podem com ela se correlacionar, visto que exprimem a personalidade de ambos (há controvérsias sobre a correlação entre personalidade e genética, mas na dúvida, é um item adicional): minha mãe é geminiana – dual, inconstante e indecisa – e meu pai era canceriano – afetável, extremamente sentimental, de fáceis mágoas e ressentimentos. Agora muito prazer, meu signo solar é Gêmeos e meu ascendente é Câncer.

O avesso da genética, essa sou eu. Só me resta torcer para que minha prole não siga o mesmo caminho.

Anne Frank III

Quase terminando de ler “O Diário de Anne Frank”, percebi o quanto alguns trechos reproduzem ideias importantes. É impressionante como uma garota pôde adquirir, aos 15 anos, mais maturidade e sabedoria do que eu aos meus (amanhã completos) 24. Ou ainda, mais maturidade e sabedoria do que a maioria das pessoas, independente de idade cronológica. Talvez o sofrimento a tenha levado a isso, mas a priori, deve-se questionar: quem é que não sofre?

Sabedoria definitivamente não escolhe idade.

Anne Frank II

Sabe, não consigo meter na cabeça como alguém pode dizer: "Sou fraco" e continuar assim. Afinal, se se reconhece a fraqueza, por que não lutar contra ela, por que não treinar o caráter? Sabe qual foi a resposta? "Porque é muito mais fácil". Fiquei decepcionada. Fácil? Quer dizer que uma vida inútil e falsa é vida fácil? (...) Um tipo como Peter acha difícil manter-se nos próprios pés, porém mais difícil ainda é manter-se como ser consciente e vivo. Se a gente o consegue, é duas vezes mais difícil conservar o rumo através dos mares de problemas e permanecer constante apesar de tudo. Quanto a mim, estou à deriva, há dias que busco um argumento contra a terrível palavra "fácil", um argumento que acerte as coisas de uma vez por todas.

(O Diário de Anne Frank)