Não consigo entender nem aceitar o fato de a genética ter-me sido tão ingrata. Vejam só, meus pais eram pessoas queridas, populares, inteligentes, bem apessoadas, bonitas e perspicazes. Claro que também possuíam defeitos, como todos os viventes desse mundo. O problema é que eu herdei justamente a genética defeituosa de ambos os lados. Não consigo entender tamanha injustiça!
Minha mãe, por exemplo. A dentição é correta, exceto um dente encavalado, o segundo pré-molar superior (que mal consegue se ver), bem como alguns dentes inferiores que, embora não sejam encavalados, também não são completamente retos. Foi o que eu herdei. Poderia ter herdado a dentição paterna, muito mais correta que a materna, mas não me foi dado tal benefício.
Meu pai era um sujeito com muitos pêlos pelo corpo, ao passo que minha mãe pouco sofria com depilação, devido à escassez de pêlos. Eu poderia ter saído à minha mãe, mas, obviamente, nasci uma ursa – assim como meu pai.
Minha mãe tem a personalidade tranqüila: é sorridente, ponderada, conciliadora e quando se zanga, só se pode perceber através do olhar. Meu pai tinha personalidade forte, sempre muito inseguro, ciumento, possessivo e extremista. Adivinhem pra quem puxei?
Além de tudo, cabe ressaltar as características zodiacais que, muito embora não estejam diretamente associadas à genética, podem com ela se correlacionar, visto que exprimem a personalidade de ambos (há controvérsias sobre a correlação entre personalidade e genética, mas na dúvida, é um item adicional): minha mãe é geminiana – dual, inconstante e indecisa – e meu pai era canceriano – afetável, extremamente sentimental, de fáceis mágoas e ressentimentos. Agora muito prazer, meu signo solar é Gêmeos e meu ascendente é Câncer.
O avesso da genética, essa sou eu. Só me resta torcer para que minha prole não siga o mesmo caminho.