Depois de assistir a uma palestra de um desembargador que, apesar de seguir uma linha de raciocínio brilhante [próxima ao ideal libertário], não admitia que alguém pudesse pensar um tanto quanto diferente da sua ‘ilustre’ opinião, comecei a analisar um pouco melhor o papel do jurista na sociedade. E não só o papel do jurista e do magistrado, como também de qualquer cidadão provido de pensamento crítico ou pelo menos um pouquinho de intelecto que seja.
Pois bem, o que extraí desse pensamento foi o seguinte: em primeiro lugar, não há uma verdade absoluta. Precisamos investigar a realidade, pois é perfeitamente possível a existência de várias verdades diferentes para um mesmo fato: tudo dependerá do ângulo de visão do observador. O que pode ser verdadeiro para mim em determinado momento [em virtude do meu modo peculiar de interpretar um fato], para você pode não ser [e vice-versa] e, no entanto, nenhuma delas deixa de ser verdade para cada um de nós. Existem, portanto, a minha verdade e a tua verdade, ambas perfeitamente verdadeiras, com o perdão da redundância.
Tentando explicar melhor: não é porque alguém interpreta algo de uma maneira diferente da minha [o que vai ocasionar, de modo inevitável, uma realidade distinta para cada um de nós], que a minha verdade é a mais idônea: ambas estão em pé de igualdade, ainda que as interpretações não sejam iguais. Aliás, elas não precisam ser idênticas, e dificilmente as são.
Seguindo tal raciocínio, penso que deve ser muito delicada a decisão de um juiz no sentido de decidir qual das verdades será a considerada por ele verdadeira numa sentença. Afinal, se podem existir várias realidades para o mesmo fato, como é que o sujeito vai dizer que ‘a verdade é x, alegada pelo autor’ ou ‘a verdade é y, alegada pelo réu’?
Isso não ocorre só com os juristas ou profissionais ligados ao Direito. Se um fato tem várias verdades para um juiz, naturalmente a terá também para nós, ‘reles mortais’. Isso mesmo. Ao contrário do que muita gente pensa, não é porque o cara é juiz que ele é mais bonito, mais inteligente, mais cheiroso, mais bem-amado, mais-mais do que qualquer outra pessoa. O cidadão apenas passou em um concurso da magistratura que lhe permitiu auferir o cargo de juiz. Ponto. Simples assim. No fundo ele continua sendo uma pessoa como todos nós, que come, bebe, sorri, chora, se diverte, faz sexo e que vai ao banheiro fazer cocô, por quê não?
Enfim, as pessoas costumam se achar com a razão. Aquilo que fazemos está certo do nosso ponto de vista, e o que o outro faz está certo do ponto de vista dele. E no final, nenhum está mais ou menos certo que o outro.
Ficou confuso?
Ahm... além de tudo isso, eu também pensei em mais coisas. Mas aí já fica pra outro post, porquê senão o raciocínio vai ficando cada vez mais complexo e daí embola tudo.
Então, beijinhos pípol.