terça-feira, 16 de junho de 2015

Ψ

Um quarto, uma cama de casal, algumas roupas pelo chão. Ao fundo, a voz de Mick Jagger ecoando com “wild, wild horses couldn’t drag me away”. Ela, de calcinha, meias e uma camiseta preta estampada com um de seus rostos preferidos. Estava sentada no colo dele, pernas enlaçadas ao redor de sua cintura, olhos fixos nos olhos dele – os olhos mais belos e expressivos que ela havia visto em quase três décadas de existência. Naquele momento ele a contemplava, dizendo tanto sem proferir quaisquer palavras. Ela, hipnotizada pela pinta no canto direito do lábio superior daquele rapaz, repetia mentalmente “you know I can’t let you slide through my hands”. A dimensão das sensações de cada um deles era inefável e eles permitiam-se sentir, cada vez menos controlados por convenções. A noite era deles, afinal. A noite e a vida toda.