quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sentenças

Adjetivaram-na de previsível. Talvez o fosse por uma razão: não se sentia à vontade para se permitir ser o que era. Suas ações acompanhavam a linha do esperado, pois não poderia se submeter ao julgamento alheio – seria ultrajante, afinal.

Sua consciência não lhe evidenciava o fato de que, independente do que pudesse ser ou fazer, sofreria as sanções dos julgamentos alheios. Compreender é ato digno dos fortes de espírito, ao passo que formular juízos é ato de menor complexidade, digno dos menos favorecidos.

Seguia assim. Eis que num dado momento, teve a epifania: não constituiria uma vida de leveza se tivesse em tão bom conceito a opinião de terceiros desimportantes.

Enfim, tempos de liberdade.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A leveza e o peso

Aquilo que o "eu" tem de único se esconde exatamente naquilo que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar aquilo que é idêntico em todos os seres humanos, aquilo que lhes é comum. O "eu" individual é aquilo que se distingue do geral, portanto aquilo que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, aquilo que precisa ser desvelado, descoberto e conquistado do outro.

(A insustentável leveza do ser, Milan Kundera)