terça-feira, 31 de março de 2009

Assim me imaginas, assim sou eu.

Me bastasse

Queria tanto um amor, súbito,
Devastador, sem sentido,
Que me arrebatasse,
Me desmaiasse,
Me amassasse o vestido

Queria que me encontrasse,
E me observasse à distância,
Como alguém da mais remota infância
Um alguém sorridente, de covinha indecente,
Que me dissesse nos lábios
O mesmo que meu peito
Que me batesse nas veias
O mesmo fervilhar sem jeito

Queria tanto amar
Sem culpa ou lugar, caminhar na calçada
- de mãos dadas -
Ser feliz na orla, na sorveteria,
No bar, na drogaria
Meu cachorro, sua poesia

Queria tanto saber que fiz alguém feliz,
Que esse alguém sente minha falta,
Que me procura nos desenhos das nuvens
Me bastasse uma vida contigo
Me bastasse um minuto de ti
Me bastasse...


-

Aline Lopes Lima, por Leonardo Curcino Alves de Sousa Junior.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Nelson.

“Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer. Mas ele ainda não aprendeu nada.
Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva. Ninguém, absolutamente, sabe amar.
D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio.
Amigos, o amor é um eterno recomeçar. Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último. E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado.”

(Nelson Rodrigues – Morrer Com o Ser Amado – 1968)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Solidão

Agora sentia frio numa cidade fria.

Assim tornou-se sua rotina: congelante.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Eu julgo, tu julgas, ele julga...

A sociedade é muito acostumada a julgar: julgar a vida, os gostos, as idéias, as atitudes e as escolhas de outrem.
Desde os primórdios a grande diversão das pessoas é censurar os vícios alheios, apontando cada defeito a ser corrigido.

E para os que condenam todo e qualquer tipo de erro, já aviso de antemão: não sou um modelo a ser seguido. Portanto, não esperem que eu me comporte da forma como desejam.
Não queiram que eu não tenha dúvidas, que eu seja sempre segura. Isso sequer combina comigo, pelo contrário: minha natureza é essencialmente insegura, inconstante, mutável, maluca.

Só peço que sejam empáticos. E, àqueles que nutrem por mim alguma simpatia, que me aceitem assim. Como esse poço de inadequações.

Ou então que me deixem em paz.