quarta-feira, 20 de maio de 2009

Carmen

Então passou a se vestir apenas de preto.
Talvez estivesse infeliz, mas não parecia, exceto pela roupa preta. Beirava os 40 e continuava solteira, quem sabe pelas muitas banhas que lhe saltavam pelo corpo todo, mas trazia sempre o sorriso largo na cara redonda.
O cabelo pintado de loiro denotava uma certa falta de originalidade. As pequenas manchas no rosto tornavam-na ainda menos atraente, mas o sorriso continuava lá, teimando em querer embelezar algo que não tinha beleza.
Os dias se passavam, ela continuava de luto e ninguém entendia o porquê.
Mas estava feliz assim. Era esse, aliás, o motivo dos sorrisos largos e diários naquela cara tão redonda, pois só no preto é que se sentia bonita: havia descoberto que o preto lhe emagrecia.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O amor - By Chiquinha

Todos os lados do amor né, minha gente?
*Clica que aumenta. :)

terça-feira, 12 de maio de 2009

to melt

Se escrevo algo que julgo belo, este já não mais o é no minuto que se segue. E as emoções que tento transmitir para o papel são, apesar de intensas, confusas e mal organizadas. As linhas não comportam mais as minhas opiniões desordenadas. Minha cabeça gostaria de derreter nesses momentos. Meus dedos também. No íntimo, me transformo numa massa disforme, liquefeita. Sonhos, idéias, pensamentos e corpo: todos derretidos.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Caio F.

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada...

Caio Fernando Abreu